4.10.04

esse é pra ser lido

Sabe, ainda me dá raiva às vezes. Não sei muito bem por quê. E eu não sei o que fazer com isso. Tenho vontade de morder sua boca e apertar o seu corpo. Todo. Tenho vontade de dizer coisas que não saem da minha boca. Tenho dúvidas que gostaria de gritar, tenho vontades que gostaria de ver realizadas. Tenho um berro que fica entalado, que nem a história do Macunaíma para aquela professora de BH. Fico engolida por Gregório e perdida nos vieirais e os críticos ficam falando na minha cabeça, mas quando percebo, estou em outro lugar. Estou vendo outras cenas. Estou vivendo outros sentimentos. Já não sei mais se atrapalha. Acho que é isso mesmo, acho que é assim mesmo. Acho que eu fiquei tanto tempo perdida de mim e de tudo que agora ponho os pés no chão e chuto a mesa enquanto comemos e as sensações ficam acesas. Se tenho sono, durmo. Se tenho idéias, trabalho. Se tenho tempo, leio. Se tenho dor...

E aí não é preciso cuidado. Não é preciso analisar psicanaliticamente. Não é preciso decifrar nem entender nem ler nem escutar. Só é preciso aceitar e acolher. É preciso receber e aconchegar. É preciso, sobretudo, amar. É isso aí: é preciso amar.