29.10.04

O vô

Bisavô só conheci um. Pai da vó, mãe da mãe. Baixinho atarracado, morava com a minha tia Lóla. Mistura de índio com catequisadora portuguesa, tinha as sete ervas protetoras plantadas no quintal e mais algumas outras tantas, just in case. Seu cheiro era de fumo de corda, que ele ficava escarafunchando com uma faquinha, enrolando na palhinha e pitando durante o dia. Quando dava, minha mãe levava a gente lá pra ele benzer. Daí sentávamos na cama e ele ficava falando palavras que não entendíamos e fazendo o sinal da cruz na nossa cabeça, na testa e no peito, outra vez na cabeça, na testa e no peito... Passavam-se vidas. Murmúrios de tribos católicas.

1 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Herança de cheiros, de ervas, de rezas! De resto, a vida se escoa sob a proteção dos deuses! Abraços do Moacyr (www.amalgamar.com.br/blog)

4:51 PM  

Postar um comentário

<< Home