24.12.04

um dia

E aí, depois de uma noite com sonhos generosos e este lindo sol batendo na parede azul, tudo parece ser mais possível...
Feliz Natal para todos nós!!!

23.12.04

um mês

Ontem Parvati estava na cozinha quando viu uma mahabharata sobre a pia. Gritou para Shiva, que assistia tevê na sala e que não se abalou, naturalmente. Então, ela foi para o escritório e encontrou alguma paz no meio dos livros.

Ganhei um livro que faltava de Natal, junto com o começo do post, um miniconto do cunhado. Muitas risadas. Mas hoje, nem a mesa cheia de livros abertos, que costuma me acalmar, funcionou. Estou triste. E paralisada. Não dá para fazer nada... A mãe chorando sozinha e eu aqui tentando trabalhar sem conseguir. A perda enorme de cada uma. A maior perda, que é dela. Angústia gigante de alguém que já não é muito católico nem tranquilo nem feliz. E o Natal rolando solto na rua, com sua habitual generosidade e amontoado costumeiro, trânsito infernal, filas nas lojas, buzinas histéricas, pressa das compras.

Se pudesse, eu fugia pra Paris...

22.12.04

no meio do sono interrompido

Duas meninas queimadas e uma mãe de outrem. O café, fervente, que evapora de seu receptáculo. As meninas se escondem no quarto cheio de brinquedos e desmaiam. Chamam os bombeiros e... Surpresa: era tudo brincadeira, mentirinha... Hahahahaha, seria engraçado não fosse pesadelo!

19.12.04

condicional

E se amanhã, ao acordar, ela pudesse ver as coisas de uma outra forma. E se o arbusto da entrada do prédio tivesse outra cor, se os enfeites de Natal desaparecessem, se o céu estivesse claro e os motoristas não passassem no vermelho como jogam papel de bala ou bituca na rua... E se o tempo sobrasse, se a praia fosse logo ali, se o ano fosse apagado, se a vida pudesse ser editada? E se ela olhasse para ele e tremesse, se ele acordasse e suspirasse, se um chinês louco batesse na porta e eles não atendessem... E se saíssem para passear e estivessem em outro país, se a língua falada não fosse compreendida, se frutas se espalhassem pelo chão, se a rapidez e a pressa não existissem? E se fossem os mesmos, mas outros, e pudessem se estranhar e se enxergar, se pudessem se fisgar um ao outro novamente, frescos, novos, sem o cansaço e as perdas do caminho?

9.12.04

nightmare

Ela estava grávida. Entrava no quarto dele, sem fazer barulho para não acordá-lo. Queria fazer a mala do bebê para a maternidade. As roupinhas estavam lá, mas não havia toalha de banho. Por que cazzo havia se esquecido das malditas toalhas? Sozinha no quarto de casal, novamente, o caos se instala: a barriga, desaparecida, dá lugar a um rasgo no abdôme, ferida aberta que vai da altura da boca do estômago até perto da vagina. Mais desespero: sua filha, desconhecida, já adulta e louca, de cabelos curtos, a havia machucado. Figuras sem contorno numa luz baixa. Falta de ar, angústia. Olha a Santa Cecília de novo aí, geeeeeente! Sem cabeça nem pescoço: o rasgo, o rasgo, o rasgo.

1.12.04

chega!!!

Cansaço... E saco cheio também...