27.1.05

cuidado!

Operário trabalhando!

Só estará liberado em maio!

Até lá...

14.1.05

angst

Não adianta querer acabar com a angústia. Melhor é aprender que ela virá e que cessará na ação. Convivência pacífica.

11.1.05

estar

Porque a massa do teu corpo
Exposta e grave sobre a cama
Me deixa quieta, observando
Atenta ao ar que entra e sai

Se você está sentado, me levanto
Se você está de pé, deito no chão
Se você ouve música, eu leio
Se você vê tv, te acompanho

Não, não somos complementares
Nem em sonho somos tão dependentes
Só existimos, às vezes ausentes
Às vezes presentes, como sempre

Se eu te olho no olho, me evita
Se te pego na coxa, reclama
Se me beija de jeito, derreto
Se acerto minha mão, estrelas

No mais, sim e não
Aconchego, raiva, cansaço, tesão
Um pouco de tudo:
Carros no asfalto de dia
E chuva pesada de verão

10.1.05

pergunta

pegue!
peque!

por que
pombas
poderiam
pousar
por
portais
pelos
parapeitos
de precipícios
perigosos
e perfeitos?

pó!

F&G, 89

7.1.05

história da paixão

tinta
preta
extinta
em
tinta

que bonita
que bela
a simplicidade
de ser
comum

simples
como
uma
flor

claricianas

“A gente sempre é devolvido a si mesmo...”

ah...

Um sentido só pode ser ele mesmo uma fonte de energia se constituir a expressão de uma intensa necessidade.
Será?

6.1.05

corpo inerte

Mais do que tubos que entram e saem, o aflitivo de ver alguém entubado é assistir ao tranco do pulmão se enchendo de ar. Você sabe que a pessoa está ali, sedada, inconsciente, mas o solavanco é assustador. Parece que tomba, parece que grita, parece que é algo de outra vida. É a inércia do corpo em movimento, o resto daquilo que fica, o fantasma do que já se foi. E o inchaço, as manchas, o saco com a urina, os bipes dos aparelhos, os números da pressão, tudo isso é fichinha perto da máquina de O2, enfiando o ar a contragosto, sustentando o fio, que insiste em se cortar. Eu sei que há os que sobrevivem, eu sei que faz parte das opções, eu sei que é para o bem, para a vida, para dar tempo aos remédios, para esperar pelos efeitos. Mas é também uma agressão, uma invasão, uma quebra de protocolos poéticos. É um acinte, um abuso, um desgosto, um terror.
Há uma tristeza que sobra nessa visão de vulcão. Erupção da morte.

ieba!

A cabeça confusa, que se entope de projeções futuras e não pára de funcionar. A lombar sentada, totalmente esmagada, triturando o sacro convexo, que não pára de reclamar. O pulmão vazio, solicitando inspirações contínuas, ressentido do cansaço, da exaustão, da aflição. O corpo doendo, tentando se manter alerta, para que se cumpram objetivos talvez já sem sentido.
Tudo isso se modifica quando o prazo se alarga, a vida se solta, o plano se torna possível. Viva!!!