29.5.12

será? muita coisa rolando barranco abaixo. again. o que é que para? e quando?

24.1.10

miopia

depois de trabalhar sentada na cadeira de frente para o mac o dia todo, ao levantar os olhos para um horizonte minimamente mais amplo que esse, a sensação de tontura, de enxergar tudo nublado, a atinge de sopetão. o mínimo, às vezes, é muito grande. o perto, às vezes, é muito longe. o contorno, às vezes, é muito fraco. tudo, tudo fica borrado. até a pessoa em questão.

4.9.08

o lugar de cada um

é impressionante como a certeza do amor dos outros faz indivíduos seguros que se comportam de maneira autossuficiente e que são queridos por todos os que se situam à sua volta. essa certeza é o que permite a esses indivíduos, viver o presente, falar o que pensam e saber que farão falta e que não estão em falta. e é essa certeza que produz indivíduos não histéricos, estruturalmente falando.

tudo passa

ansiedade, angústia, desespero, paixão, tesão, emoção, dor muscular, dor no maxilar, menstruação, decepção, fixação, filiação, medo, bateção no coração, distensão, crise, gripe, suadouro, eclipse, elipse, ato falho, bafo de alho, tudo, tudo passa...
a única coisa é ter paciência...
a postura correta...
e o coração...

13.8.08

no meio

dia nublado, no vazio, entre o francês e o português, entre o didático e o acadêmico, entre o que quer ser querido e aquele que exige, entre o tenso e duro e o macio da cama, entre o inseguro e o que se rejubila, entre

5.8.08

Yes!

i can see clearly now
the rain has come...

17.2.07

o cigarro

Os dois em varandas diferentes, mas no mesmo andar. Não se vêem.
O senhor de short azul escuro e camiseta branca. Cabelos grisalhos, mão esquerda no parapeito, mão direita que leva o cigarro à boca.
A mulher de baby-doll, cabelos soltos, pé esquerdo cruzado à frente do direito, sobre o qual se apóia. Mão esquerda no parapeito, mão direita que leva o cigarro à boca.
O sol batendo na diagonal, o som do jogo de futebol do parquinho, as fumaças que se espalham languidamente pelo ar.
É sábado de carnaval.

15.10.06

crise

De identidade. Não sei se amarelo ou se fico beje... Não sei se preta ou se branca. O fato é que a cor não adianta. O problema é interno...

ossos de galinha

Mais um nightmare... Agora ossos do tronco de uma galinha estavam alojados no lugar que, antes, estava ocupado por meu molar. Sensação animalesca e desconfortável. Para tentar resolver a parada, ia atrás de Soninha, sim, a vereadora e apresentadora de esportes na tevê. Ela estava em plena campanha, mas como também era dentista, me dava algum conselho, do qual não me lembro. Acordei com vontade de ir ao dentista. Desça as costelas, abra o esterno, baixe o sacro, controle sua postura!!!

12.8.06

E se o blog ficasse branco?

E se eu acordasse e fosse outra pessoa? E se eu não tivesse que ler os textos que preciso ler? E se eu estivesse na praia, no Havaí, surfando pelas ondas? E se eu fosse levar as crianças para passear no parque? E se eu tivesse uma cidade para fotografar? E se eu tivesse uma feira de livros para ir? E se eu tivesse uma casa de campo para cuidar? E se eu tivesse uma horta para fazer? E se esse marasmo de fim de semana em São Paulo não pesasse sobre os buracos da cara?
Blê...

18.7.06

filiação

E ela liga só para dizer que acha melhor cortar relações. Cortar relações? Agora que a merda já está feita, que as escolhas já são reais, que decisões já foram tomadas? É muita falta de cerimônia, não? É muita sobra de cara-de-pau. Cadê o óleo de peroba?

A insegurança é filha da ameaça da ausência. Sempre foi, sempre será. Uma das ausências sempre foi real, concreta, não precisou ser dita. A outra ausência sempre foi virtual, discursiva, poderia vir a acontecer se... E esse se rendeu juros e dividendos. Na verdade, a virtualidade da ausência é uma canalhice maior do que sua realidade. Porque a realidade simplesmente acontece, já é seu próprio custo. A virtual, não. Ela é só ameaça e, em seu nome, os piores horrores são cobrados.

O bem-estar de alguém depende de suas condições de reação às ameaças de ausência. Depende dos outros laços, das outras relações que se estabelecem e que, aos poucos, diminuem o peso e a força das primevas e primárias. E viva a fase adulta, viva os outros discursos possíveis, as outras ordens, a sobrevivência! E viva eu, e viva tu, e viva o rabo do tatu!

Vazio

Agora, eu tenho que ir. Preciso ir porque estou atrasada. Mas quando não há atraso, quando não há a necessidade de cumprir uma tarefa, vem o vazio, a angústia do caos, a desorganização. Melhor seria ter a sensação de que, mesmo no vazio, o caos não me acometeria. Melhor seria ser zen, imbatível, impávida, imóvel, quieta. O antes da criação sempre me deixa flutuando. Tenho medo do nada.

19.6.06

Declaração

Este que aqui está à minha frente é aquele que escolhi para meu. Pode ser meu abismo. Este que aqui se encontra é aquele que escolhi para me amparar. A todas as horas, a qualquer momento. Este que aqui se encontra é aquele que escolhi para me maltratar. E para ser maltratado de volta, que eu não sou tonta... Este que aqui se encontra é aquele que escolhi para me amar. Pode ser meu ralo, nunca me calo. Este que aqui se encontra é aquele que escolhi para massagear. De maneiras variadas. Este que aqui se encontra é aquele que escolhi para ver tevê em noites chapadas. Para rir. Este que aqui se encontra é aquele que escolhi para correr ao meu lado dando a volta no planeta. Este que aqui se encontra é aquele que escolhi para quase sufocar. Mas para escapar com vida. Este que aqui se encontra é aquele que escolhi para construir imagens livres, truncadas, desprogramadas. Este que aqui se encontra é aquele que escolhi para dividir o amargo e o doce. Este que aqui se encontra é aquele que escolhi para beber. E para embriagar. Este que aqui se encontra é aquele que escolhi para olhar, de perto, de longe, de cima, de baixo, enviesado. Este que aqui se encontra é aquele que escolhi para criar triângulos maduros como frutas. E só ele vai entender isso. Este que aqui se encontra é aquele que escolhi. Eu sei.

vento parado

olhando para os vãos das folhas de árvores altas, no banco do passageiro, tudo parece ser mesmo passageiro... e vão passando as luzes, passando os sons das cordas, passando as conversas dos amigos, ficando velhos, ficando cegos, ficando quietos, como gatunos com artrose... e os casórios também vão ficando sem óleo, sem lubrificação, sem graça, sem sal... e os prédios vão perdendo a cor, os tetos dos banheiros vão acumulando mofo, as cortinas vão ficando bejes, os buracos vão aparecendo nas paredes... e os cupins, sempre por perto, à espreita, esperam o momento para atacar!

mas ainda há uma chama por dentro, um calor, um vapor, uma quentura mole, meio gosma, meio doce, meio amarga... é desse quente permanente que pode surgir um espanto, um canto, um grito... é desse quente que a gente pode viver por anos a fio, por toda a eternidade, pelo infinito que virá... é desse quente nosso que vamos abrir caminhos, que vamos nos ver de outros ângulos, que vamos rir e chorar, que vamos amar... é brega, mas é real... é piegas, mas é vital...

o vento parado, prestes a se movimentar...

21.3.06

contratura

Depois de um pesadelo acordei na segunda, toda suada, lá pelas 6h20 da manhã. Ao me espreguiçar ouvi um tleque na coluna e, logo depois, não conseguia nem respirar de tanta dor. Contratura muscular, na sétima dorsal, bem embaixo da boca do estômago, nas costas. Levantei com dificuldade e fui esquentar minha bolsinha de gel no microondas. 3 minutos. Sentei na poltrona reclinável da sala, com a bolsa atrás da vértebra, e fiquei quieta uns 15 minutos, tentando respirar com calma, esperando para ver se surtia efeito. Melhorei um pouco. Bem pouco. Lá pelas 11h15, fui para eutonista, que me deu uma geral sem tocar no ponto inflamado. Muitas horas de trabalho depois, deitei para dormir, mas à noite não estava melhor... Enfrentei muita dificuldade para me mexer na cama, sem posição para ficar deitada direito, acordando várias vezes ao longo da madrugada. Hoje pela manhã, o homeopata me receitou arnica e disse que em 48 horas tudo deve melhorar. A sensação é de que a digestão da Índia está sendo feita agora, com remédios para o que sinto e o que não sinto, e que regulei me tratar antes (fazendo uma massagem com a Rô ou uma sessão com a Tereza) por falta de grana e de tempo, mas o tiro saiu pela culatra: a tensão e o cansaço estouraram no meu ponto fraco da dorsal. E já entendi que estou tentando dar conta de muito mais do que eu agüento. Então, acho que vou viajar no fim de semana... :)

21.1.06

de novo

Cada vez mais me convenço de que tudo na vida é uma questão de prática. Os mudras, o ritmo, a rapidez da batida dos pés. As palavras, a organização do texto, o método, os usos do tempo. Está tudo no treino. Ai, ai... let's go... de novo e mais uma vez.

20.1.06

viagem às Índias

Pois muito bem, estou prestes a refazer a viagem de Pero Vaz de Caminha, a que Camões também fez, e voar por Paris para Délhi. Ainda presa nos meandros dos livros lidos que não encontraram seu resumo num lugar organizado do meu pensamento para uma monografia final. Mas logo mais, bye bye! E então, rumo ao Oriente e sem caravelas...

19.6.05

escrita

eu quero é parar de pensar na avaliação! eu quero é escrever o que der na telha! eu quero é perder padrão, parâmetro, grilhão! eu quero é soltar franga, ralo, imaginação! falar merda mesmo, falar palavrão, xingar todo mundo, beber de montão! bater, esmurrar, correr, devanear, desconter, desopilar e me livrar dessa pressão!

modismo

o que eu sei é que passa fashion week pra lá volta fashion week pra cá e eu no mesmo lugar, sentada na mesma cadeira, trampando feito uma condenada... será que o inverno passou e eu não percebi? ou será que ele nem veio e as lojas não vendem mais nada? só sei que, daqui uma semana, estarei looooooonge, bem loooooooonge desta cadeirinha vermelha deste querido e odiado escritório!

3.6.05

cuidado 2

escravo trabalhando!
carta de alforria só em fins de junho...
até lá!

27.1.05

cuidado!

Operário trabalhando!

Só estará liberado em maio!

Até lá...

14.1.05

angst

Não adianta querer acabar com a angústia. Melhor é aprender que ela virá e que cessará na ação. Convivência pacífica.

11.1.05

estar

Porque a massa do teu corpo
Exposta e grave sobre a cama
Me deixa quieta, observando
Atenta ao ar que entra e sai

Se você está sentado, me levanto
Se você está de pé, deito no chão
Se você ouve música, eu leio
Se você vê tv, te acompanho

Não, não somos complementares
Nem em sonho somos tão dependentes
Só existimos, às vezes ausentes
Às vezes presentes, como sempre

Se eu te olho no olho, me evita
Se te pego na coxa, reclama
Se me beija de jeito, derreto
Se acerto minha mão, estrelas

No mais, sim e não
Aconchego, raiva, cansaço, tesão
Um pouco de tudo:
Carros no asfalto de dia
E chuva pesada de verão

10.1.05

pergunta

pegue!
peque!

por que
pombas
poderiam
pousar
por
portais
pelos
parapeitos
de precipícios
perigosos
e perfeitos?

pó!

F&G, 89

7.1.05

história da paixão

tinta
preta
extinta
em
tinta

que bonita
que bela
a simplicidade
de ser
comum

simples
como
uma
flor

claricianas

“A gente sempre é devolvido a si mesmo...”

ah...

Um sentido só pode ser ele mesmo uma fonte de energia se constituir a expressão de uma intensa necessidade.
Será?

6.1.05

corpo inerte

Mais do que tubos que entram e saem, o aflitivo de ver alguém entubado é assistir ao tranco do pulmão se enchendo de ar. Você sabe que a pessoa está ali, sedada, inconsciente, mas o solavanco é assustador. Parece que tomba, parece que grita, parece que é algo de outra vida. É a inércia do corpo em movimento, o resto daquilo que fica, o fantasma do que já se foi. E o inchaço, as manchas, o saco com a urina, os bipes dos aparelhos, os números da pressão, tudo isso é fichinha perto da máquina de O2, enfiando o ar a contragosto, sustentando o fio, que insiste em se cortar. Eu sei que há os que sobrevivem, eu sei que faz parte das opções, eu sei que é para o bem, para a vida, para dar tempo aos remédios, para esperar pelos efeitos. Mas é também uma agressão, uma invasão, uma quebra de protocolos poéticos. É um acinte, um abuso, um desgosto, um terror.
Há uma tristeza que sobra nessa visão de vulcão. Erupção da morte.

ieba!

A cabeça confusa, que se entope de projeções futuras e não pára de funcionar. A lombar sentada, totalmente esmagada, triturando o sacro convexo, que não pára de reclamar. O pulmão vazio, solicitando inspirações contínuas, ressentido do cansaço, da exaustão, da aflição. O corpo doendo, tentando se manter alerta, para que se cumpram objetivos talvez já sem sentido.
Tudo isso se modifica quando o prazo se alarga, a vida se solta, o plano se torna possível. Viva!!!

24.12.04

um dia

E aí, depois de uma noite com sonhos generosos e este lindo sol batendo na parede azul, tudo parece ser mais possível...
Feliz Natal para todos nós!!!

23.12.04

um mês

Ontem Parvati estava na cozinha quando viu uma mahabharata sobre a pia. Gritou para Shiva, que assistia tevê na sala e que não se abalou, naturalmente. Então, ela foi para o escritório e encontrou alguma paz no meio dos livros.

Ganhei um livro que faltava de Natal, junto com o começo do post, um miniconto do cunhado. Muitas risadas. Mas hoje, nem a mesa cheia de livros abertos, que costuma me acalmar, funcionou. Estou triste. E paralisada. Não dá para fazer nada... A mãe chorando sozinha e eu aqui tentando trabalhar sem conseguir. A perda enorme de cada uma. A maior perda, que é dela. Angústia gigante de alguém que já não é muito católico nem tranquilo nem feliz. E o Natal rolando solto na rua, com sua habitual generosidade e amontoado costumeiro, trânsito infernal, filas nas lojas, buzinas histéricas, pressa das compras.

Se pudesse, eu fugia pra Paris...

22.12.04

no meio do sono interrompido

Duas meninas queimadas e uma mãe de outrem. O café, fervente, que evapora de seu receptáculo. As meninas se escondem no quarto cheio de brinquedos e desmaiam. Chamam os bombeiros e... Surpresa: era tudo brincadeira, mentirinha... Hahahahaha, seria engraçado não fosse pesadelo!

19.12.04

condicional

E se amanhã, ao acordar, ela pudesse ver as coisas de uma outra forma. E se o arbusto da entrada do prédio tivesse outra cor, se os enfeites de Natal desaparecessem, se o céu estivesse claro e os motoristas não passassem no vermelho como jogam papel de bala ou bituca na rua... E se o tempo sobrasse, se a praia fosse logo ali, se o ano fosse apagado, se a vida pudesse ser editada? E se ela olhasse para ele e tremesse, se ele acordasse e suspirasse, se um chinês louco batesse na porta e eles não atendessem... E se saíssem para passear e estivessem em outro país, se a língua falada não fosse compreendida, se frutas se espalhassem pelo chão, se a rapidez e a pressa não existissem? E se fossem os mesmos, mas outros, e pudessem se estranhar e se enxergar, se pudessem se fisgar um ao outro novamente, frescos, novos, sem o cansaço e as perdas do caminho?

9.12.04

nightmare

Ela estava grávida. Entrava no quarto dele, sem fazer barulho para não acordá-lo. Queria fazer a mala do bebê para a maternidade. As roupinhas estavam lá, mas não havia toalha de banho. Por que cazzo havia se esquecido das malditas toalhas? Sozinha no quarto de casal, novamente, o caos se instala: a barriga, desaparecida, dá lugar a um rasgo no abdôme, ferida aberta que vai da altura da boca do estômago até perto da vagina. Mais desespero: sua filha, desconhecida, já adulta e louca, de cabelos curtos, a havia machucado. Figuras sem contorno numa luz baixa. Falta de ar, angústia. Olha a Santa Cecília de novo aí, geeeeeente! Sem cabeça nem pescoço: o rasgo, o rasgo, o rasgo.

1.12.04

chega!!!

Cansaço... E saco cheio também...